Magento, amado e odiado - imagem: Tim Pannell/Corbis

A pergunta que vale um milhão de dólares é: “por que o Magento é amado e odiado ao mesmo tempo?“. Sim, porque esse é o sentimento que temos quando falamos de Magento, uma relação de amor e ódio, aprofundada cada vez que a loja virtual dá problema pela décima vez no ano. Como já comentei quando escrevi sobre o porquê de o Magento dar tanto problema, há muitas dúvidas quando se fala da plataforma e aliado a alguns erros estruturais, é muito fácil passar a detestar o Magento quando ele novamente testa a nossa paciência.

Eu vi o Magento nascer e crescer e sei que a plataforma é boa e funcional. O maior problema e a maior causa do ódio pelo Magento está em uma escolha que o time da Varien fez em 2007, a de não construir uma plataforma completa, com todas as funcionalidades e permitir que desenvolvedores independentes construíssem módulos para o Magento.

Calma, não estou dizendo que a modularidade do Magento é um erro mas a forma como os módulos para Magento são construídos e implantados. Não há nenhum controle sobre como esses módulos são desenvolvidos e seguidamente somos surpreendidos por desenvolvedores despreparados, com módulos mal construídos quebrando outras partes da loja. O problema aqui é que a documentação do Magento 1 sempre foi esparsa, nunca houve uma indicação clara do que podia e o que não podia fazer, qual o jeito certo e como seria a melhor forma de preparar um módulo que não desse problema. Digo, nunca houve uma sinalização clara e ostensiva da Magento, as regras sempre foram dadas pelo mercado, no melhor estilo liberal.

Mas isso não funcionou: as dificuldades de lidar com a plataforma não impediram desenvolvedores inexperientes de fazerem bobagens (eu confesso, fiz algumas bobagens nas primeiras lojas que construí, mas não causei nenhum grande transtorno) geram falhas na loja virtual. O lojista vê aquilo e não pensa que foi uma falha pontual, por um erro de desenvolvimento. Ele pensa “bem que me avisaram que o Magento era problemático”. E mais uma pessoa passa não gostar do Magento. Uma forma de resolver isso seria mais educação e melhor controle sobre os módulos, coisa que a Magento Inc. não parece disposta a fazer.

Outro ponto são os recursos do servidor. O Magento é robusto e precisa de servidores específicos. Você até pode colocar sua loja em uma conta compartilhada mas é por pouco tempo, na hora que sua loja começar a receber mais de 100 visitas por dia, você vai precisar de um espaço ao menos semi-dedicado, como uma VPS. Só que os desenvolvedores esquecem de contar isso pro lojista, a loja começar a crescer, fica lenta e cai. “Bem que me avisaram que o Magento era lento e caía toda hora”.

Ok, além dos problemas solucionáveis, o Magento tem um ou dois itens que poderiam ser melhorados e ajudariam a não aumentar a calvície dos consultores. Ainda assim, ainda que uma parte maior do que a que gostaríamos do nosso tempo seja destinada a praguejar o Magento, as vantagens que conquistamos ao utilizá-lo fazem a balança pender para o lado do amor e do respeito. O Magento é free, no sentido de licença gratuita mas muito mais no sentido de liberdade. Podemos fazer o que quiser com o Magento, pois a modularidade não tem limites se você souber construir os módulos de forma correta. Basta ter um servidor configurado corretamente que as lojas funcionarão e não consumirão todo o orçamento de marketing em locação de servidor. E que outra plataforma opensource de comércio eletrônico traz tantas funcionalidades e possibilidades logo de saída?

Às vezes a relação é difícil, mas a comunicação sempre faz as coisas andarem, vamos escutar mais o Magento e entender seus caprichos, tudo vai dar certo!


André Gugliotti

André Gugliotti é uma das referências em Magento no Brasil, autor dos livros "Lojas Virtuais com Magento", "Temas em Magento" e "Módulos para Magento". Nesse blog, ele fala sobre e-commerce e marketing digital, ensinando como montar e gerenciar sua loja virtual.

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