Este tutorial é destinado a apresentar os principais pontos no que se refere aos meios de pagamento em uma loja virtual e está dividido em quatro partes. Você também pode buscar outros artigos sobre meios de pagamento aqui no blog.

Depois de termos visto o básico sobre meios de pagamento, é hora de irmos um pouco além na escolha dos métodos e em como utilizar sabiamente os prazos para recebimento, de modo a prevenir rombos em seu fluxo de caixa.

3) Métodos a oferecer a seus clientes

teclado e e-commerce - imagem: Jonathan Kitchen/Digital VisionComo falei no primeiro artigo dessa tutorial sobre meios de pagamento em lojas virtuais, você deve sempre começar a escolha dos métodos de pagamento a serem oferecidos olhando com a perspectiva do cliente. Isso significa que a primeira seleção de quais formas você vai oferecer deve ser feita sob a ótica do consumidor. Coloque-se no lugar de seu cliente e procure responder a essas perguntas:

  • Tenho familiaridade com a internet? Confio nas lojas virtuais e entendo que a internet é um lugar seguro, se eu tiver um mínimo de cuidado?
  • Estou acostumado a avaliar itens de segurança como o cadeado na barra do navegador, uma conexão SSL/HTTPS ou selos de segurança no rodapé do site?
  • Faço parte de um grupo que costuma utilizar cartões de crédito em minhas compras?
  • Minha classe social permite comprar produtos de maior valor à vista ou em no máximo três parcelas? Ou por outra: minha renda comporta parcelas maiores ou preciso comprar produtos em parcelamentos longos? Se sim, qual o número de parcelas necessárias?
  • Resido em uma região do país que utiliza métodos de pagamento muito particulares? Por exemplo, o cartão Banricompras no Rio Grande do Sul ou o Hipercard, no Nordeste do Brasil?
  • Tenho o hábito de comprar meus produtos pagando com boleto bancário?
  • Estou acostumado a pagar com facilitadores de pagamento, o que me faz reconhecer e acreditar em nomes como PagSeguro, Mercado Pago, PayPal, etc?

E assim por diante. É preciso entender quais são os métodos de pagamento preferidos por seus clientes e qual a sua disponibilidade de caixa. Se seus clientes não têm cartão de crédito, é preciso oferecer formas de pagamento como o boleto, depósito em conta ou pagamento na entrega. Nessa escolha, o parcelamento não é possível, o que indica que eles devem poder pagar por seus produtos à vista.

Se seu público vai pagar com cartão de crédito, é preciso também pensar em sua capacidade de pagamento. O maior problema que tenho encontrado não é o de não saber usar o cartão ou as fraudes e sim compras recusadas por falta de crédito. Os clientes têm sérias dificuldades em entender como funciona o limite de crédito e de saberem quanto ainda têm de dinheiro disponível. Faça uma análise do perfil de seu público e de quanto seria seu limite médio e confronte com seu tíquete médio e com o valor das parcelas.

Feita essa análise, o ideal é tentar montar um mix de opções. Se sua empresa está começando, uma possibilidade é:

  • Transferência e Depósito Bancário, em um dos grandes bancos (Itaú, Bradesco, Santander, Caixa, Banco do Brasil) – você não precisa ter conta em cada um desses, mas em ao menos um. Outra dica é ter uma conta na Caixa, pois seu cliente poderá depositar o dinheiro em qualquer agência lotérica.
  • Boleto Bancário – apenas do banco onde você tem conta. Um detalhe importante é que a partir do início de 2017, todos os boletos deverão ser registrados, o que tem trazido problemas em relação à integração com as plataformas de lojas virtuais, além do maior custo. Confronte o valor cobrado por seu banco com aquele cobrado pelos facilitadores.
  • Um facilitador de pagamento, onde você possa oferecer a maioria dos cartões de crédito e também cartões de débito. Faça uma pesquisa entre eles, avalie as taxas e procure negociar conforme o volume de vendas esperado. A concorrência tem feito grande bem aos lojistas.

Se sua empresa já é um pouco maior, você pode abrir uma conta em empresas de processamento de pagamentos de cartões de crédito, como a Cielo e a Rede (entre outras opções menores). Dessa forma, você faz a cobrança diretamente, sem passar pelos facilitadores.

Uma dica que dou é que ainda que você faça a conexão direta com as empresas de processamento, mantenha sempre uma conta em um facilitador, configurada e ativa. O grande motivo disso é que se houver qualquer problema com os seus meios de pagamento principais (seja o cartão, seja o boleto, você consegue rapidamente ativar essa conta e seguir recebendo seus pagamentos normalmente (ainda que o custo por transação seja maior). É sempre melhor pagar um pouco mais caro pelos pagamentos por um curto período do que não vender nada!

Nos casos em que você faça entregas expressas, aquelas feitas com motoboys ou bikers, normalmente em sua cidade, você pode dar a opção de Pagamento na Entrega. A logística dessa opção é simples, normalmente as plataformas de lojas virtuais já trazem essa possibilidade e o cliente paga diretamente ao entregador.

Existem outras opções que vem surgindo, como pagar com moeda virtual ou usar uma empresa intermediária, que garante a venda e emite um boleto para o cliente, que é pago depois que o produto for recebido. Você pode avaliar essas opções e pensar em se é viável e como implementá-las em seu negócio.

4) Programação financeira

Não basta olhar o lado do cliente e criar grandes problemas para a saúde financeira de sua empresa. Cada uma das opções comentadas no tópico anterior tem custos diferentes e prazos de recebimento diferentes. Essas variáveis precisam estar presentes em seu planejamento de modo a garantir que seu fluxo de caixa não seja prejudicado.

Apenas para refrescar a mente dos empreendedores iniciantes, o fluxo de caixa é um dos elementos mais importantes na gestão de uma empresa. É o resultante do saldo inicial MAIS tudo que entra MENOS tudo que sai. Você tem um saldo inicial que pode ser o valor no primeiro dia do mês ou da semana. Pode ser também o capital social, o valor que você tirou de seu bolso para colocar em sua empresa.

Se você fizer muitas vendas com prazos de recebimento longos significa que seu cliente demorará para pagar sua empresa (ou que as operadoras demorarão para repassar o dinheiro para você). Do outro lado, se seus fornecedores recebem à vista ou com prazo curto (o que é comum para empresas novas, ainda sem crédito), você terá que sustentar a operação até que as coisas comecem a andar.

Mesmo depois que as coisas começarem a andar, se você vende com prazos de recebimento muito longos e paga com prazos curtos, o risco de falta de dinheiro é enorme. Então, você deve ter essas contas na ponta do lápis, todos os dias.

O melhor método de pagamento é a transferência/depósito bancário. Você recebe à vista, logo depois do pedido, e não tem taxas por isso. O único custo é o trabalho de verificar o pagamento e liberar no sistema. Se você tomar cuidado com envelopes vazios depositados em caixas eletrônicos ou comprovantes falsos, dificilmente terá problemas com isso. Porém, esse método presume que o cliente confia em você, normalmente já conhece sua empresa, e que tem o dinheiro disponível à vista, além de ter uma conta no mesmo banco ou facilidade para o depósito. Por conta disso, esse método será o menos usado.

Depois desse, o pagamento na entrega também tem as mesmas vantagens. O risco é que o entregador seja assaltado, mas será pequeno se você não vender produtos que custem muito caro, isto é, que seu entregador não ande com muito dinheiro.

Na sequência, a transferência bancária, os cartões de débito e o boleto bancário também são rápidos de receber, entre 2 e 4 dias, na média. Os custos são relativamente baixos, normalmente um valor fixo por transação. Nesses casos, também não é permitido parcelamento, ou seja, o dinheiro entra à vista.

Pra completar, os cartões de crédito são os mais problemáticos quando se fala da programação financeira. Se você vender em uma parcela no cartão, receberá esse valor entre 14 e 28 dias depois da aprovação, conforme a empresa que estiver utilizando para processar o pagamento. Nessa situação, você já terá que manter uma reserva, que preveja essa diferença entre a entrega do produto e o recebimento. A pior situação é aquela em que o cliente compra com um prazo longo de parcelamento (e longo aqui podem ser apenas 6 meses). Além de bancar as taxas, você ainda terá que ver o dinheiro entrando pingado em sua conta.


André Gugliotti

André Gugliotti é uma das referências em Magento no Brasil, autor dos livros "Lojas Virtuais com Magento", "Temas em Magento" e "Módulos para Magento". Nesse blog, ele fala sobre e-commerce e marketing digital, ensinando como montar e gerenciar sua loja virtual.

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