esse post foi escrito especialmente para o blog por um autor convidadoEsse post é de autoria de João Melo, escrito especialmente para o Blog do André Gugliotti. Visite também o blog do João Melo

Um dos princípios fundamentais da didática moderna é ensinar a ver, pensar e sentir ao mesmo tempo em que se educa a capacidade de executar. Na nova escola de arte não se deve torturar o estudante com repetições de estruturas antigas e muitas vezes mal selecionadas, estáticas com suas linhas meramente gráficas.
O ensino atual se desvencilhou das velhas rotinas acadêmicas, permitindo que os iniciantes na Arte possam desenvolver o sentimento espontâneo sem que se lhe em ponham normas que contrariam e até anulariam sua capacidade criativa inata.
Nara, por João Melo - imagem: João MeloAs novas tendências tratam de desenvolver a imaginação e os fatores expressivos. Antes de começar um desenho, um quadro ou uma escultura, temos  que ter uma emoção a expressar; a transmissão deste sentimento, a uma obra, não depende somente da técnica de execução, mas também de uma grande dose de imaginação, de uma grande concentração mental.
O aprendizado dos meios técnicos é, portanto, simultâneo com a educação da visão e da sensibilidade para que a expressão do sentimento do Artista tenha um final estético.
Muitos crêem que ao conhecerem os princípios do desenho ou da pintura já estão em condições de expressá-los porque sabem descrevê-los graficamente aquilo que vêem, mas, geralmente, sua obra é a representação vulgar do que poderia ser concebida por qualquer indivíduo e não a reação de uma sensibilidade cultivada, aprimorada.
O Artista é um criador que expressa sentimentos e emoções e não meras imitações fotográficas e impassíveis de uma realidade somente captada por sua retina; sua obra tem que ser “A expressão externa de uma impressão interna”. Mesmo que esteja sempre aperfeiçoando sua técnica, deve seguir seu pulso criativo, expressar suas reações ante a vida que lhe rodeia, valendo-se da técnica para traduzir e expor sua mensagem de uma maneira compreensível.
A composição artística ou pictórica é o meio de que se vale o Artista para dar forma a suas sensações. Só se conhece esses princípios quando se tem consciência da repetição rítmica das linhas, formas, valores e cores, do agrupamento sugestivo dos elementos formais dentro de uma ordem e de um espaço e do efeito emotivo que exercem sobre os sentidos, as descobertas que a educação possibilita, ou seja: saber ver, o que, como é, o que realmente inspira e como desenvolver o poder criativo.
Devido ao pouco tempo, por ora vou me ater ao “Ritmo”.
O efeito do ritmo na obra de Arte e nas faculdades humanas, é basicamente emotivo; desde os tempos primitivos das humanidade, o ritmo tem influenciado profundamente todas as Artes, as crenças e as atividades. Em tudo na vida há o ritmo; este é o fundamento vital e se uma pintura ou uma escultura não o contiver porque suas linhas de estrutura ou massas não se continuam harmonicamente, a obra nos parecerá sem vida.
O quadro que é rítmico tem uma ressonância como a sensação de música abstrata e uma qualidade de movimento vital que atua sobre o sentimento e à margem de qualquer significação de ordem descritiva como da organização das linhas e dos tons das cores. A função do Artista é de relacionar todos os elementos da sua composição com esta qualidade musical para que ela possa expressar energia anímica, movimento, dinamismo e vida.
Por enquanto é só, sempre imaginar todas as possibilidades do movimento rítmico contido no tema proposto em sua obra, seja ela desenho, pintura ou escultura, é só deixar fluir.


João Melo

Esse gaúcho formado em eletrotécnica nunca esqueceu sua juventude “hippie” quando desenvolveu de forma autodidata suas habilidades em desenho, escultura e pintura. Demorou, mas fez das artes plásticas o seu meio de ganhar a vida, dando aulas de pintura e tendo seu próprio ateliê em Embu-Guaçu, SP. Ganhou prêmios como “Santo Amaro Ontem, Hoje, Amanhã” da AASA, Associação dos Artistas Plásticos de Santo Amaro e participou de mostras como a “Recriando as Artes em Embu Guaçu”. Foi Curador do Mapa Cultural Paulista, fase municipal de 2005/2006, homenageado com uma exposição individual no Centro Cultural Árabe Sírio, Foi ainda Curador e Promotor do I Salão de Primavera, do I Salão de Outono e de outras mostras.

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