Tempos atrás, eu escrevi sobre a velha disputa entre softwares proprietários e softwares opensource e como escolher a plataforma que dará vida a sua loja virtual. Como o assunto é frequente, resolvi escrever um novo artigo sobre isso. A minha opinião não mudou: eu continuo achando que lojas virtuais opensource são um melhor negócio que lojas fechadas, mas a minha certeza hoje não é mais a mesma de antes…

Opensource - imagem: Frank Krahmer/Photographers ChoiceA grande diferença entre uma loja virtual opensource e uma proprietária reside no fato de que a primeira é aberta e a segunda é fechada. Digo: em uma loja opensource você tem acesso ao código-fonte, podendo conhecer os mecanismos por trás do frontend e trabalhar em cima de personalizações, customizações e melhorias, fazendo com que ela fique exatamente de acordo com as suas necessidades. Em uma loja virtual proprietária, o lojista não tem acesso ao código-fonte, seja porque ele não tem acesso aos arquivos da loja em si (que residem em um servidor locado pela empresa fornecedora do serviço e sem acesso pelo lojista), seja porque os arquivos são criptografados e incompreensíveis ao programador comum (até que um hacker quebre tudo, por simples diversão).

Cada um dos modelos tem as suas vantagens e desvantagens. A balança pesa muito mais pro lado da loja virtual opensource, mas como disse no começo desse post, eu começo a ver vantagens no modelo proprietário – muito mais por falhas no lado opensource do que por méritos no lado proprietário – e isso tudo por causa da falta de suporte de alguns desenvolvedores de lojas virtuais. Uma loja virtual não é uma operação simples e fácil: como toda empresa, é preciso planejamento e visão de longo prazo. Quando você baseia sua loja virtual em determinada plataforma, você fará um investimento que pode levar anos para se pagar, além de passar a depender daquela plataforma para o dia-a-dia de suas operações e portanto, para a garantia de seu fluxo de receitas. O que fazer então se a plataforma repentinamente é descontinuada ou muda seu modelo de trabalho? Isso pode acontecer em qualquer um dos modelos e está diretamente ligado à forma como a empresa por trás da plataforma trabalha.

Para orientar a escolha da sua próxima plataforma de loja virtual, seja ela opensource ou proprietária, vamos às principais questões a serem discutidas:

  1. há quanto tempo a plataforma está disponível no mercado? Se for uma plataforma consolidada, o que os demais clientes falam dela? Se for uma plataforma nova, ela já foi devidamente testada?
  2. quais são os problemas conhecidos da plataforma? O que a empresa mantenedora tem feito para resolvê-los? Ela participa ativamente desse processo ou se cala? No caso de plataformas opensource, ela delega a solução desses problemas para a comunidade? No caso de plataformas proprietárias, a empresa age ou não demonstra interesse em melhorar seu produto, dizendo simplesmente que tal função não será contemplada?
  3. como é o suporte? No caso de softwares gratuitos, não se deve esperar suporte diretamente da empresa mantenedora, mas há outras empresas que podem prestar auxílio. Essas empresas já estão consolidadas? Há um bom número de empresas prestando esse tipo de serviço? E para as lojas proprietárias, o suporte é prestado pela própria desenvolvedora ou é terceirizado?
  4. como é a evolução da plataforma? Se você comparar uma versão de 3 anos atrás com a atual, o que mudou? Você percebe um comprometimento com a  melhoria do software?
  5. qual é o nível de personalização que sua loja virtual poderá atingir e que tipo de módulos você poderá instalar? Traduzo essa pergunta por: qual é a flexibilidade que você terá? Você ficará engessado ou poderá sonhar e realizar?
  6. o desenvolvimento de módulos adicionais e customizações é feito por quem? Pela própria empresa mantenedora ou por terceirizados? Os terceirizados passam por algum controle e cumprem requisitos mínimos? Você depende de uma única empresa para ter as customizações implantadas ou tem o poder de escolha?
  7. como são os treinamentos para utilização do software? Treinamentos são um ponto crucial na gestão de lojas virtuais e o que mais encontro são ferramentas poderosas na mão de pessoas que não sabem como utilizá-las; a própria empresa dá os treinamentos? Há instrutores qualificados para isso? Há empresas que possam dar esses cursos?
  8. a pergunta fundamental é: como a empresa mantenedora conduz o processo de evolução da plataforma? Eu não digo que ela precise dizer todos os passos que dá, mas é preciso que o mercado entenda o que ela fará no futuro para que possa se preparar para isso; além disso, como fica a manutenção das versões antigas: elas terão suporte por quanto tempo e como esse suporte será dado?

Nesses anos de trabalho com Magento, eu tenho visto vários clientes que foram obrigados a mudar de plataforma às pressas, porque a empresa dona da plataforma mudou o sistema ou descontinuou o serviço. Também vi empresas que ficaram amarradas e não podiam crescer porque a loja virtual não comportava o crescimento e o lojista não tinha orçamento para bancar uma nova loja. E no lado opensource, seguidamente vejo lojas que não podem crescer por não ter o suporte adequado ou os módulos necessários porque ainda não se dispôs a desenvolvê-los e a empresa mantenedora não se envolve nisso.

Uma coisa é certa: antes de decidir qual será a base de sua loja virtual, pesquise, estude, pergunte, investigue. Levante todos os pontos e tenha certeza de todas as possibilidades, inclusive pensando em seu plano B. Abrir uma loja virtual é exatamente como abrir uma empresa de tijolos. Você deve se preparar para crescer e não virar apenas uma lembrança na mente de seus consumidores.


André Gugliotti

André Gugliotti é uma das referências em Magento no Brasil, autor dos livros "Lojas Virtuais com Magento", "Temas em Magento" e "Módulos para Magento". Nesse blog, ele fala sobre e-commerce e marketing digital, ensinando como montar e gerenciar sua loja virtual.

Deixe uma resposta