Depois de ter falado sobre os marketplaces – e mostrar que eles podem ser feitos com Magento, mas que é preciso muito mais planejamento, cuidado e recursos – é natural falar um pouco sobre o Drop Shipping, modalidade de trabalho em que não se utiliza um estoque real, presente na loja, mas sim vende-se diretamente o estoque oferecido pelo fornecedor, muitas vezes até mesmo entregue diretamente pelo fornecedor, sem que o lojista tenha contato com o produto.
Muitas lojas virtuais no Brasil usam esse esquema mas normalmente não contam ao seus consumidores, dependendo da sorte ou limitando suas vendas para conseguir entregar seus produtos. Trabalhar com o Drop Shipping em si não é um problema. O problema aparece quando você vendeu o produto e não tem como entregar; a partir daí, é certo que sua imagem vai ser arranhada. Como trabalhar então com o Drop Shipping com risco mínimo?
O primeiro ponto a se observar é mostrar claramente para seu cliente que você não tem aquele produto em estoque. Isso pode ser feito sinalizando que o produto é sob encomenda ou através de um prazo de entrega mais longo. Se o cliente entende que você não pode entregar aquele produto rapidamente e mesmo assim faz a compra, ele estará mais apto a lidar com eventuais problemas do que alguém que acreditava que receberia o produto em uma semana e depois de um mês, ainda não o tem em mãos.
Em seguida, é preciso avaliar qual é o risco de você não encontrar o produto em seu fornecedor e quanto tempo costuma demorar a reposição. Se o fornecedor seguidamente fica sem o produto, mas consegue repô-lo em um ou dois dias, tem-se uma situação. Porém se o fornecedor leva semanas para repor seus estoques, certamente você não poderá trabalhar com aqueles produtos, pois o risco de você vender o que não tem é muito grande.
Por fim, no Magento você pode optar por permitir venda de produtos sem estoque, de modo que mesmo que um item esteja zerado, ele continuará a permitir a venda, gerando estoques negativos. Muitos lojistas que não trabalham com estoque real limitam a quantidade de produtos e não permitem que ele seja vendido após esgotados. Assim, tem-se um paliativo, de modo que nunca se vende muitas unidades ao mesmo tempo, reduzindo a chance de não se conseguir o produto. Se isso melhora o risco, também impede vendas maiores, pois as quantidades definidas normalmente resumem a 3 ou 4 unidades.
Essas ações são feitas sem nenhum conhecimento técnico ou desenvolvimento. Porém, há duas outras ações para quem vai trabalhar com Drop Shipping que são interessantes e dependem do método de pagamento e de uma integração online com o fornecedor:
a) se você não tem o produto em estoque, é interessante não cobrar o cliente imediatamente. Isso é possível através da opção Authorize, quando cobrado via cartão de crédito. Assim, a operadora apenas autoriza a compra, reservando aquele valor no cartão de crédito do cliente. Quando o produto estiver disponível e pronto para ser enviado, o lojista completa a operação, através da opção Capture. Se o produto não for enviado, a operação é simplesmente cancelada, com muito menos transtornos.
b) a integração online com o fornecedor permitirá que você saiba a quantidade de itens que ele tem em seu estoque. Dessa forma, a cada determinado período de tempo sua loja conversará com o sistema do distribuidor e saberá quantos itens ele tem em estoque para os produtos que você vende. Assim, sua loja está sempre sincronizada e com estoque atualizado. O sistema não é perfeito mas ajuda bastante a diminuir os problemas com produtos não disponíveis.
Antes de encerrar, mais um ponto: se você pratica o Drop Shipping puro, ou seja, é o seu fornecedor que entrega o produto diretamente para o consumidor, sua atenção deve ser redobrada. O cliente não está preocupado com os problemas do fornecedor pois, afinal, ele comprou de você e quer explicações de você. Há vários casos em que essa metodologia é interessante mas seus controles têm que ser muito maiores.