No final do ano passado, um dos meus parceiros estratégicos me chamou no Skype e questionou se já tinha ouvido falar do Sellvana. Não entendi direito a que ele se referia, mas logo fiquei sabendo que o Sellvana é uma das novas apostas para destronar o Magento de seu posto de plataforma de e-commerce líder de mercado. Inscrevi-me para testar o software e no final de fevereiro consegui instalá-lo e ter um “preview”.
De lá pra cá, tenho lido algumas notícias e conversado com pessoas do segmento. Cheguei a participar de um webinar sobre a plataforma mas ainda não tive muito contato com essa aposta do mercado. Resolvi fazer um exercício de futurologia para dizer o que eu espero do Sellvana. Vamos aos pontos:
1. O Sellvana adota a linha do open source e quer se basear em uma comunidade
O código do Sellvana é aberto, ou seja, assim como o Magento, pode ser usado sem que seja necessário o pagamento de uma licença além de permitir que o código seja modificado à vontade. Mas não apenas o Magento é assim, há dezenas de plataformas que são licenciadas nesse modelo como o Prestashop ou o Opencart. Para se destacar na concorrência, o Sellvana terá que mostrar algo realmente diferente ou inovador.
Já há uma pequena comunidade formada em torno do Sellvana – até mesmo por conta do peso de quem está desenvolvendo o projeto – mas pouco se fala sobre a plataforma. A comunidade em torno do Magento nunca foi de fato forte, como se vê ao redor do Linux, por exemplo, e o mesmo comportamento deve se repetir. Ou seja, não se deve esperar grandes coisas da Comunidade Sellvana.
2. Os cabeças do Sellvana são ex-colaboradores do Magento
O co-fundador da empresa por trás do Sellvana é Boris Gurvich, um dos principais desenvolvedores da primeira versão Magento e também responsável pela Unirgy, desenvolvedora de módulos como o Unirgy uMarketplace e Unirgy uDropship. Mas há outras figuras conhecidas no time, como Mosses Akizian, também conhecido como Monocat.
O quanto essa experiência vai ajudar a levar a plataforma adiante? Quando o Magento foi lançado, o grande problema era a falta de documentação e métodos claros para se trabalhar com a plataforma. O Sellvana parece estar avançando nisso, com webinars sobre como se desenvolve para Sellvana e alguma documentação, mas ainda bem incipiente. A instabilidade e os vários atrasos das primeiras versões do Magento também são erros a não se repetir. Será que essa experiência mudará o comportamento quando se fala do Sellvana?
3. O quanto o Magento 2 vai interferir no mercado?
Bastou o Sellvana ser anunciado para que o eBay voltasse a se mexer com o Magento 2. Mas quanto o lançamento do Magento 2 vai interferir no mercado e nas possibilidades? Se o Magento 2 for um bom produto e renovar a liderança de mercado, o espaço para novos concorrentes diminui. Mas se o Magento 2 ficar abaixo das expectativas, pode haver uma demanda por novos produtos. Até mesmo o finado OSCommerce parece estar querido ressuscitar.
4. O investimento na empresa fará diferença?
A Sellvana captou recursos de fundos de investimento no começo do ano, o que agitou o mercado. Esses recursos devem ser utilizados para a conclusão do código e lançamento do produto, mas também servirão para publicidade e divulgação, coisas que o Magento não teve em seu lançamento. Qual será o fôlego da empresa para empurrar a plataforma adiante? Os recursos captados serão investidos só em publicidade ou na construção de estruturas que sirvam de suporte à plataforma?
5. Quais as vantagens em mudar de plataforma?
Mudar de plataforma é algo sempre complexo. Como disse o post onde falei sobre o que eu espero do Magento 2, mesmo a migração do Magento atual para o novo Magento pode ser muito complicada e cara. Para que os lojistas abandonem o Magento e passem para o Sellvana, ele precisará ser realmente muito mais estável e completo, além de já ter um mercado a caminho da consolidação. Se o Sellvana conseguir atingir esse nível em dois anos, há grandes chances de a plataforma decolar. Se não, o seu destino será o mesmo dos principais concorrentes: ser apenas mais uma opção, adotada por poucas lojas.