Entrega em Lojas Virtuais - imagem: Ken Davies/CorbisDepois de ter falado sobre como escolher os meios de pagamento para sua loja virtual, aproveito o gancho e falo um pouco sobre como escolher os meios de entrega para sua loja. Da mesma forma como nos pagamentos, a decisão sobre quem transportará seus produtos deve ser tomada antes mesmo do desenvolvimento começar, pois afinal você precisa saber como seus produtos chegarão aos seus clientes e quais serão seus diferenciais nesse serviço.

Normalmente – e especialmente para micro e pequenas empresas – a escolha natural é pelos Correios, uma vez que eles estão presentes em todo o Brasil, chegando em lugares onde as outras transportadoras não chegam, e com preços normalmente abaixo da concorrência. Porém, a relação entre lojistas e Correios não é muito saudável, com queixas para todos os lados. Dificilmente você escapará dos Correios mas ainda assim, a decisão sobre quais métodos de envio serão oferecidos não se restringe ao serviço oficial de transporte de encomendas.

Da mesma forma como vimos antes, você deve tentar responder algumas perguntas para escolher quais os melhores métodos de entrega para sua loja (sim, os melhores, no plural):

  • onde estão localizados seus clientes? Eles se concentram em uma área geográfica definida, como por exemplo, a Grande São Paulo, ou estão espalhados pelo Brasil, com muitas possibilidades de atendimento?
  • como são seus produtos? São enviados em caixas padronizadas, dentro das medidas máximas permitidas pelos Correios? São produtos grandes ou perecíveis? Têm alguma restrição de envio?
  • qual a urgência do recebimento dos produtos pelos clientes? Eles precisam no mesmo dia? No dia seguinte? Podem esperar alguns dias? Estão dispostos a pagar mais por uma entrega expressa?
  • você trabalhará com entrega agendada? Pensa em oferecer essa facilidade para uma determinada região?
  • há uma previsão de vendas por região? Qual a viabilidade de oferecer serviços diferenciados para uma determinada área goegráfica?
  • e claro, veja o que os concorrentes estão fazendo e como estão atendendo seus clientes.

Muitos desses dados só serão conhecidos depois que a loja for pro ar mas é preciso esboçá-los desde o começo do planejamento. Digamos que você tem um palpite de que 30% dos seus pedidos serão para a cidade de São Paulo e que seus clientes estariam dispostos a pagar o mesmo valor do Sedex para receber seus pedidos no mesmo dia. É preciso verificar se a própria empresa teria condições de assumir esse serviço ou se pode fazer um contrato com uma empresa de entrega expressa, analisando os custos e o quanto isso seria um diferencial – ou até mesmo se isso seria inviável, dado o custo do envio pelos Correios.

Alguns meios de entrega possíveis

Quando se fala em meios de entrega, a primeira coisa que vêm à cabeça são os Correios. Porém, os próprios Correios têm diferentes serviços, com duas modalidades possíveis, com contrato e sem contrato. A diferença aqui é que ao assinar um contrato com os Correios, você tem acesso a valores melhores (que pode ou não repassar para seu cliente) em troca de um comprometimento mínimo de envio. Conforme seu contrato, você também passa a ter acesso a encomendas expressas especiais, como Sedex 10 e Sedex Hoje e coleta programada na empresa.

Se você não tem volume de pedidos para um contrato, cairá no envio comum, oferecendo PAC e Sedex, e indo até a agência para despachar pacote por pacote, da mesma forma como uma pessoa comum faz. Se você ainda está começando, não vale a pena ter contrato, já que haverá um custo mínimo que certamente não será viável.

Pensando na abrangência nacional, há diversas transportadoras que podem atender sua empresa e enviar seus pedidos. Algumas delas têm preços competitivos mas na maioria das vezes, elas não estão prontas para atender micro e pequena empresa. Os problemas aqui vão de abrangência local (não atendem o Brasil inteiro), exigência de contrato mínimo, falta de módulo para integração com a loja virtual (o que impede o cálculo automatizado dos custos de envio) e até mesmo uma falta de vontade para atender o e-commerce, já que os varejistas e a indústria são muito mais lucrativos para elas.

De um tempo pra cá, uma opção tem se tornado interessante para quem envia pacotes pequenos: as transportadoras vinculadas às companhias aéreas. Azul, Gol e TAM oferecem serviços de envio de encomendas, até mesmo com entrega na porta, que se ainda não são compatíveis com o Sedex, estão caminhando para isso.

Se você atende o mercado local, é possível ainda oferecer duas possibilidades: entrega expressa (com carro ou moto) e retirada na loja (se você tiver uma loja física). A entrega expressa é a mais comum e pode ser conseguida por um preço único para a cidade ou pela divisão dos bairros, através do CEP e usando o Matrixrate, com a planilha própria para cálcula do frete. Porém, não pense que basta oferecer esses dois métodos, é preciso ter organização para que o pedido seja processado imediatamente e a encomenda enviada ou liberada para o cliente retirar na loja. Esse tipo de método não dá certo com pagamento via boleto e isso precisa ficar claro para o cliente.

Monitore a eficiência de seus meios de entrega

Lembre-se de monitorar a eficiência de suas entregas e como os clientes estão reagindo a elas. Fique atento aos pontos que podem ser melhorados, o que pode ser feito em sua logística para facilitar o envio e permitir que os produtos cheguem aos seus clientes da maneira mais rápida e menos custosa possível. À medida que seu volume de entregas aumentar, você pode se candidatar a melhores contratos com seus parceiros, diminuindo os custos e melhorando sua posição frente à concorrência.

Uma tendência para os próximos anos

Antes de terminar uma reflexão sobre uma tendência: na Europa e nos Estados Unidos isso já pode ser encontrado com mais facilidade mas aqui no Brasil ainda é uma tendência que está engatinhando. Ao fazer uma compra em uma loja virtual, você pode optar por retirar seu produto em um ponto de entrega, próximo à sua casa, como por exemplo, o supermercado do bairro. Com isso, o custo do frete e as tentativas de entrega caem, facilitando para cliente e lojista. No exterior, isso tem maior aceitação, já que a maioria dos prédios não tem porteiros para receber as encomendas e não há um problema tão acentuado como aqui: a violência.

Cheguei a fazer algumas análises e a minha conclusão é que o Brasil ainda não está pronto para isso. O primeiro problema é justamente converter os pontos de entrega em alvos dos bandidos – se o caminhão dos Correios já é assaltado frequentemente, o que dirá de um ponto de entrega, recebendo mercadorias de valor todos os dias? O segundo problema é o gosto pela comodidade, em que é muito melhor receber o produto em casa – e normalmente há alguém para receber – do que ter que caminhar até o ponto mais próximo e carregar o produto para casa. Hoje, não vejo isso viável no Brasil mas quem sabe a realidade mude em breve?


André Gugliotti

André Gugliotti é uma das referências em Magento no Brasil, autor dos livros "Lojas Virtuais com Magento", "Temas em Magento" e "Módulos para Magento". Nesse blog, ele fala sobre e-commerce e marketing digital, ensinando como montar e gerenciar sua loja virtual.

Deixe uma resposta