Marketing (ou seria publicidade?) é uma palavra simples de se dizer (mesmo que seja em inglês) e difícil de se compreender, especialmente porque seus limites são um pouco confusos. Seja marketing, seja publicidade (pra mim, um não vive sem o outro), creio que eu tenha aprendido bastante coisa sobre o tema nesses 10 anos trabalhando com comércio eletrônico.
Infelizmente (começo com a parte ruim), a principal constatação é que as empresas brasileiras não sabem se vender, não conhecem o mercado, não sabem fazer com que seu cliente venha até ela. Faça uma pesquisa rápida e você constatará: a maior parte das lojas virtuais não tem um plano sólido de marketing, não sabe pra quem vai vender e não usa seu principal ativo, a criatividade, preferindo copiar aquilo que seus concorrentes estão fazendo.
Perdi as contas das vezes que um cliente me disse: “queremos fazer assim porque o concorrente está fazendo assim”. Algumas vezes, eu respondia com a pergunta: “mas por que você quer fazer assim?”. Qual é o motivo de você querer copiar o concorrente? A resposta invariavelmente era: “porque eles são grandes, estão fazendo assim e portanto devemos fazer igual”.
Quando me deparo com esse tipo de comportamento, não posso deixar de refletir sobre onde está a tão falada criatividade brasileira? Onde está o tão cortejado jeito brasileiro de fazer as coisas acontecerem ou de trazer uma solução para um problema? E onde entra isso com o marketing? Em tudo!
Ainda que a inexperiência e o ambiente hostil sejam as principais causas de mortalidade das empresas brasileiras, eu afirmo que uma grande causa, muitas vezes relegada ao segundo plano, é a ausência do cuidado com o marketing e a publicidade. Partimos da ausência do plano de trabalho, de quem será o cliente, de como se deve alcançá-lo, de saber o que ele deseja. Seguimos pelo caminho mais fácil de copiar o que os outros estão fazendo, sem trazer soluções novas (não disse inovadoras nem revolucionárias) ou com um medo terrível de ousar, um medo de perder. Terminamos utilizando sempre as mesmas técnicas, os mesmos esquetes, as mesmas saídas, ainda que o mercado hoje seja totalmente diferente.
Se uma empresa quer vencer no mercado, ela precisa ser diferente. Ela não pode se dar ao luxo de ser igual ao que já está aí pois o cliente só trocará de loja se ele tiver vantagens (financeiras, comodidade, serviços, benefícios, você decide). Pra fazer com que ele deixe de comprar onde compra hoje, você precisa mostrar que é melhor, precisa ser diferente.
Aí chegamos em um segundo ponto, ainda negativo, mas importante. No Brasil, é feio fazer propaganda de si mesmo. Se você é bom, não pode dizer que é bom pois isso magoará os medíocres, que se unirão e dirão que você é convencido e que não é bom de verdade. Você deveria esperar que os outros fizessem propaganda de você, mas até que isso aconteça e enquanto você não reúne uma massa crítica suficiente pra fazer o tão falado boca-a-boca (perdoem-me o trocadilho), você faz o quê? Morre de fome?
Você não precisa mentir para o público em sua publicidade. Você deve trabalhar para ser bom e em um modo justo e compatível mostrar isso para seus clientes. Fazê-los saber que você é especialista no que vende e tem os melhores preços. E entregar o que você vendeu!
Com isso chegamos à parte boa. Pouco a pouco, as empresas brasileiras começam a dar atenção a marketing, ao planejamento e à publicidade. Deixam de ver essas atividades como custo para compreender que é um investimento. Passam a perceber que não podem ser passivas e que é preciso convencer o público, mostrar a marca, interagir com ele, dosar a relação e construir um relacionamento ao menos de médio prazo.
Também começam a perceber que é preciso ter profissionais da área. Por mais que o filho do empreendedor tenha ideias bacanas e desenhe bem ou que faça filmes “virais” com o celular, as empresas sentem a necessidade de pessoas que entendam os processos de construção de uma marca, de campanhas publicitárias, de diversos meios e canais e sua integração. Talvez demore um pouco ainda para chegarmos a um nível aceitável, mas isso acontecerá, pois estamos no caminho certo!