Três anos atrás, Roy Rubin, co-fundador da Varien, a empresa que desenvolveu o Magento, anunciou ao mercado que o eBay estava concluindo a aquisição da companhia.
No ano anterior, o PayPal já havia adquirido metade da empresa – que passou a se chamar Magento Inc. – e agora, 100% das ações passavam a ser do conhecido site de leilões e venda de produtos online.
Na época, as perspectivas eram boas: escrevi em um post em que falava das consequências da transação e acreditava que o negócio seria bom. O Magento faria parte do X.Commerce, uma nova versão da plataforma passaria a ser desenvolvida, o Magento 2, e a empresa teria mais força para se espalhar pelo mundo. Infelizmente, a maioria dos planos naufragou.
Então, o que temos hoje? Vamos aos pontos:
- o Magento 2 virou piada. Depois de sucessivos atrasos, quase ninguém mais acredita que a plataforma seja lançada e se for, será apenas mais um Magento e pior, incompatível com o Magento atual, obrigando linhas e linhas de código a serem reescritas sem um ganho real.
- o X.Commerce nunca saiu do papel e o eBay não sabe o que fazer com a divisão Magento. Pelo que se fala no mercado, se aparecer alguém com dinheiro na mão, leva.
- o único dos “pioneiros” que ainda permanece no time é Roy Rubin – cujo contrato vence em 2014. O que acontecerá após sua saída?
- algumas semanas atrás, a empresa cortou posições dentro do serviço Magento Go, o que indica que está enfrentando dificuldades em um serviço que prometia ser o carro-chefe da empresa.
- a empresa se voltou para dentro de si: se antes o acesso era fácil e o suporte à comunidade mais aberto, hoje é difícil contato com as pessoas da empresa, o trato é complicado, excessivamente centralizador. Os próprios Partners queixam-se da falta de atenção, com raras exceções.
Nesse cenário, é difícil acreditar que o Magento possa continuar crescendo. De forma alguma, quero dizer que o Magento vai acabar, pelo contrário: a massa de lojas que já foi feita com base na plataforma ainda gera serviços de manutenção por pelo menos mais dez anos e a plataforma continua sendo adotada por novas lojas, já que a versão CE 1.8 é estável e há um bom conjunto de módulos que pode ser acoplado a ela, atendendo à imensa maioria das lojas virtuais.
Porém, à medida que o Magento perde perspectivas de futuro, o cenário passa a ser outro. Novas plataformas são lançadas constantemente – já há uma em especial, chamada Sellvana, encabeçada por um ex-técnico da Varien e sócio da Unirgy, que vai tentar disputar esse mercado. Avanços são necessários e passam a depender exclusivamente de terceiros. Profissionais começam a questionar se vale a pena basear carreiras em uma plataforma em declínio. Lojistas têm cada vez mais contato com uma má fama do Magento – lento, difícil, com problemas e sem suporte.
Não me arrisco mais a palpitar sobre o futuro do Magento. Ainda estou no Magento! Ainda… Próximos passos, o futuro nos dirá. E pra você que não viu, confira o vídeo onde Roy Rubin e Yoav Kutner falavam da aquisição: