Antes de escrever esse post, reli os meus “artigos de começo de ano” dos últimos 3 anos, para avaliar as coisas que eu falei e previ e o quanto elas se cumpriram ou eu cumpri. No artigo que abre esse ano de 2014, resolvi falar dos rumos do Magento em si e como estou vendo a plataforma no Brasil e no mundo. Não digo que o cenário esteja negro, mas ele está longe de ser cor-de-rosa. Vamos aos tópicos:
- mesmo depois de seis anos de lançado, o Magento ainda não tem uma cara – a plataforma é líder de mercado, com 30% das lojas feitas no mundo, mas segue tentando atender a tudo e a todos. Isso não é necessariamente um problema, mas a maior parte das complicações do Magento vem dessa questão, uma vez que lojas minúsculas, médias e maiúsculas são feitas usando a mesma base, muitas vezes por empresas sem preparo e sem as devidas customizações e configurações. Se o Magento tivesse uma cara ou ao menos versões específicas conforme o porte, o mercado poderia lidar melhor com isso e erros seriam evitados.
- o Magento 2 já virou motivo de piada – em 2012, debati com alguns participantes do Bargento Rio de Janeiro, que garantiam que a nova versão seria lançada rapidamente. O que temos hoje, dois anos depois do início do desenvolvimento é uma série de dúvidas e nenhuma perspectiva. Não creio que o Magento 2 tomará o lugar do Magento 1 em 2014, pois mesmo depois de lançada oficialmente, ainda haverá muito a fazer no software para que ele se torne a primeira opção dos lojistas que utilizam Magento.
- vai haver uma concentração no mercado, com empresas maiores comprando as menores – isso é um movimento natural em qualquer mercado, mas creio que se acentuará em 2014. O mercado está muito disputado e os desenvolvedores escassos. As empresas maiores estão tendo dificuldades para contratar e reter talentos e a forma mais lógica de crescer é absorver empresas de médio porte. Já vimos esse movimento na recente absorção da Bull Marketing pela e-Smart. Mas isso não quer dizer que basta montar uma empresa, angariar alguns clientes e desenvolvedores e ser incorporado: só empresas que souberem ter qualidade e reunirem times competentes serão alvo de propostas.
- veremos surgir mais empresas de lojas sob demanda – o mercado de baixo, com lojas pequenas e empresas nascentes ainda não foi atendido. Essas empresas não devem investir 10, 15 mil reais em uma loja nova sem ao menos saber se realmente existe mercado para elas. De olho nesse negócio, vão surgir novas lojas sob demanda, contratadas por mês. Já tivemos dois exemplos em 2013, com o reposicionamento da VirtualBiz e a nova Signashop e espero mais movimentos em 2014, já que será preferível investir 10 mil reais em marketing e trazer clientes a imobilizar esse dinheiro no software e ficar às moscas.
- o Magento vem perdendo força e isso não é necessariamente ruim – o interesse em Magento está estagnado e novas plataformas surgem. Assim como o Magento foi a novidade em 2008/2009, quem trabalha nessa área precisa ficar de olho para ver se não há um novo Magento prestes a aparecer.
- o eBay não sabe o que fazer com o Magento – 2014 será decisivo; se o eBay não achar uma utilidade real para o Magento dentro dessa estrutura, eu não duvido que eles resolvam vender a operação. Não que o Magento dê prejuízo ou não tenha futuro, mas a principal meta quando o eBay comprou a Magento Inc. era utilizá-lo como base para o X.Commerce (que naufragou). Sem isso, o Magento é viável para o eBay?
E uma última previsão: vamos continuar a ver profissionais despreparados e empreendedores que acreditam em milagres! Esse tópico que se repetirá por muitos e muitos anos. 70% dos profissionais continuarão sem investir em treinamento e qualificação e acharão que podem aprender tudo sozinho, já que tudo é fácil e simples. Nossos empreendedores seguirão achando que basta abrir uma loja virtual e começar a vender, sem planejamento, preparo ou estratégia. Mas uma parte desses profissionais e empreendedores serão conscientes e eles farão a diferença até que tenhamos um mercado melhor.