Há uma permanente discussão em torno dos módulos no Magento (e também quando se fala de modelos de negócios no mundo opensource): correntes defendem que o opensource tem que ser gratuito, totalmente aberto, livre na acepção mais profunda da palavra; outras correntes (e eu me incluo nelas) defendem que é possível fechar módulos e cobrar por eles, ainda que se baseiem em softwares livres, como o Magento. Quem tem razão? É correto cobrar por um módulo do Magento? Ou um módulo para Magento tem que ser sempre gratuito?
Quando você pensa em um módulo de Magento, o modelo que eu mais gosto é o freemium, onde você oferece uma versão básica, gratuita, que permitirá que as pessoas utilizem o seu módulo nas funções mais básicas, mas que possam comprar uma versão (ou mais de uma) avançada, com funções que não estão presentes na versão gratuita. O dinheiro ganho com a versão paga cobre os custos da gratuita e a distribuição da gratuita é uma excelente ferramenta de marketing para a versão paga. A maioria dos desenvolvedores para por aqui e se esquece que há mais uma fonte de renda essencial em torno do modelo.
É justamente essa outra opção que está em falta no mercado brasileiro: o suporte para os módulos desenvolvidos para Magento. E isso vale para módulos gratuitos e para módulos pagos. Há muitas empresas que querem ter suporte para os módulos que são colocados em suas lojas (ao menos para os módulos críticos, como frete e pagamento) e não encontram empresas que estejam dispostas a prestar esse serviço. Não digo nem que as empresas precisam desenvolver módulos do zero, porque com a quantidade de código disponível de graça por aí, bastaria uma boa revisão dos módulos prontos e um suporte de qualidade para levar essa ideia adiante.
Os módulos de boletos bancários são um bom exemplo: esse meio de pagamento só existe por aqui e portanto não há módulos estrangeiros para ele. Há tempos existe um código aberto chamado CushyPHP, que trabalha com diversos bancos, gerando os boletos, e alguns desenvolvedores já fizeram o trabalho de portá-lo para dentro do Magento, inclusive disponibilizando de graça. Mas a iniciativa para por aí: não conheço (e se houver, por gentileza, grite ali nos comentários para que eu possa ouvi-los) empresas que prestem serviços de instalação e suporte para esses módulos, auxiliando em atualizações e correções, por exemplo.
Os Correios são outro exemplo crítico: já comentei aqui no blog, quando no final do ano passado houve aquela falha no webservice dos Correios e foi preciso um “mutirão” para corrigir o módulo do Pedro Teixeira. O módulo está lá, pronto, mas a impressão que passa é que não há empresas com tempo ou vontade suficiente para atualizar e aprimorar aquele módulo. Só nesse caso específico eu já listei cerca de 10 funcionalidades extras que poderiam fazer parte do módulo e que até hoje não foram implantadas – quer um exemplo? a tão falada possibilidade de trabalhar no modo offline, caso o serviço dos Correios fiquem fora do ar; se fossem, poderiam gerar um módulo premium, com uma cobrança diferenciada, resultando em valor para a empresa desenvolvedora e ainda receita com suporte mensal.
A polêmica certamente será criada, mas a intenção desse post não é gerar conflitos. O maior objetivo é fazer com que desenvolvedores que tenham uma veia empreendedora reflitam sobre isso. Há mercado para quem quer trabalhar com módulos de Magento, desenvolvendo códigos que possam ser categorizados – gratuitos, com as funções básicas, e pagos, com funções extras -, disponibilizados com código fonte aberto e com uma equipe de suporte de qualidade, atendendo aos lojistas com toda a atenção que eles merecem.
Em tempo: o meu conceito de qualidade é um pouco avançado. Qualidade pra mim significa buscar fazer as coisas com o menor índice de erros e de “funções não previstas” possível; é responder e-mails em no máximo duas horas; é antecipar os problemas dos clientes para que o problema seja resolvido antes que eles tenham se desgastado com isso e principalmente qualidade é cumprir prazos. Não adianta nada entrar no mercado se não for ter atenção à qualidade, como fez um gateway de pagamentos que lançou um módulo para Magento que só aceitava cartão de crédito à vista (apesar de garantir que o módulo estava pronto e acabado).
2 Comments
Bernardo Junffor · 11/02/2013 at 16:36
Muito bom o post falou realmente o que eu tenho em mente, estou em testes com o magento sempre fechei a cara pra ele mais resolvi fazer um testes ae me esbarrei com a falta de módulos e também com algumas "certas" restrições. Vou continuando os testes pra ver até onde consigo chegar.
Junior Bello · 19/08/2015 at 23:26
Parabens andre estou iniciando nesse otimo um dos sem duvidas melhores nichos da internet “ecomm” com magento e estou acompanhando seu material, sensacional muitíssimo bem explicado, português, qualidade total. parabens