Posso adotar duas linhas para falar do Meet Magento Brasil 2015. Na primeira, posso dizer que o evento foi morno. Na segunda, posso dizer que o evento foi um sucesso. E começo fazendo uma declaração: o Carlos Hix, da GHX Consult, foi um herói em fazer esse evento nesse ano.
Explico: no final do ano passado, quando comecei a preparar o planejamento do Bargento 2015, percebi o quanto esse ano seria difícil para eventos. As empresas do setor estavam reclamando de preços e de corte de custos e pensavam em destinar toda a sua verba para eventos grandes, onde pudessem aparecer mais e obter maior retorno sobre o investimento. Os custos tinham perspectiva de explodir (o que de fato aconteceu) e com isso, os riscos seriam maiores. Por conta disso, eu desisti de fazer o Bargento esse ano, mas o Carlos não só não desistiu, como partiu para um espaço maior, onde os participantes pudessem ser melhor acomodados. Se as coisas dessem errado, quem iria bancar a conta seria ele e mais ninguém.
Se partirmos desse ponto, o evento foi um sucesso. Vi eventos maiores que o Meet Magento com menos pessoas e aquele sensação de fim de festa. No olho, digo que o número de participantes foi o mesmo do ano passado, a imensa maioria de desenvolvedores. Isso me permite fazer outra observação: os lojistas estão escolhendo eventos (também por causa do orçamento limitado) e buscando aqueles que tenham palestras mais voltadas para os seus interesses.
As palestras foram um problema. Fiquei com a sensação de mais do mesmo e até entendo os palestrantes, que precisam apresentar conceitos básicos, pois parte do público ainda é iniciante. Com isso, a parcela dos participantes que já conheciam o assunto e queriam ver coisas novas ficou decepcionada. Não consegui acompanhar a palestra do Ben Marks, sobre o Magento 2, mas a sensação que tive é que era uma continuação do ano passado, sem que o Magento 2 tivesse sido finalmente lançado.
E as palestras não são um problema apenas do Meet Magento. Sendo radical, afirmo que está quase impossível encontrar boas palestras nos eventos de e-commerce brasileiros. A impressão que tenho é que os nossos palestrantes ainda não entenderam que uma palestra puramente comercial não serve para nada. Também não entenderam que é preciso ser didático e claro, construindo uma linha de pensamento, explicando o problema, mostrando as possíveis soluções e dizendo como implementá-la.
As palestras que acompanhei traziam slides cheios de textos, confusos e difíceis de acompanhar. Quando traziam dados, não permitiam olhar o contexto geral e entender o que eles significavam. Não estou dizendo que isso é errado, mas podemos avançar, podemos buscar novas técnicas de passar conteúdo e formas de cativar a plateia. Ouvi de um participante que ele preferia ficar em pé para não dormir. Isso faz com que os eventos de um modo geral fiquem burocráticos e afastem quem já tem um pouco mais de experiência. Ao invés de cumprir a função de educar e espalhar conhecimento, torna-se apenas um dia de diversão (o que não é a função do evento).
Resumindo: dado o contexto geral de 2015, penso que o Meet Magento tenha sido excelente. Dado o que podemos fazer, ainda falta muito. E isso não depende do Carlos Hix, não depende de mim, não depende de um pequeno grupo. De todo modo, a semente está lançada! Três anos seguidos de eventos de Magento no Brasil já criaram uma base, vamos ver como serão os próximos anos.
1 Comment
Davi Claudino de Assis · 10/10/2015 at 15:57
Uma ótima consideração, levando em consideração que essa foi minha primeira participação no Meet Magento não posso fazer comparações mas poderia ter muito mais conteúdo que não fosse comercial isso seria bem legal tanto para troca de conhecimento entre nós desenvolvedores como para o cliente.